sábado, 4 de agosto de 2012

Ruído


Desta vez, seu espelho estava nítido como o céu.
A silhueta encapuzada lhe encarava novamente.
"Pensei que não voltaria mais", disse o rapaz. "Já faz um bom tempo..."
"Vim apenas me despedir.", disse a Morte.
"Então não veio me buscar?", perguntou o rapaz, confuso.
"Não. Eu vim buscar a escuridão que havia tomado conta de você."
"Foi ela quem não escolheu a vida. Mas você foi forte, e lutou contra ela. A sua luz a destruiu. E por isso, continuará com sua vida e seu sonho."
Finalmente o rapaz entendeu a razão por trás dos caminhos que percorria.

"Você me libertou... não sei como agradecer", disse.
"Não me agradeça", respondeu a Morte. "Como eu já disse, apenas levo os mortos para o próximo mundo..."
"Mas não se esqueça: a escuridão pode renascer. Jamais deixe que ela seja mais forte do que a sua luz."
E sem ruído algum, o espelho voltou a refletir o banheiro.
O reflexo da lâmpada acesa iluminou os olhos do rapaz.
Mesmo as batalhas que não possuem fim também devem ser lutadas.


O rapaz andava pela praia em seu sonho, quando encontrou um castelo na areia.
Sem aviso, o castelo desmoronou. A areia voltou a se misturar com a praia.
O ruído das ondas se misturou ao castelo ruído.
A luz do sol tomou conta do horizonte. O mar varreu a poeira e as cinzas.
A noite chegou. A lua brilhou.
O ruído da escuridão se tornara apenas silêncio.

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