segunda-feira, 18 de abril de 2011

As nuvens cobriram a última estrela.
Quem é você?
Seu rosto tem algo familiar. Já nos vimos antes?
Teria andado pelo mesmo caminho que eu?
Provavelmente não lembrarei mais do seu rosto semana que vem.
Melhor fechar a janela.
Esqueça, isso não importa... esqueça.
As luzes se apagaram. Tudo que restou foi uma pequena mariposa na parede.

Eu vejo você, mas não consigo falar.
Quem é você?
O que faz aí?
Consegue me ouvir?
O muro é alto demais. As palavras não chegam ao outro lado. Se perdem nas paredes da mente, ecoando por alguns instantes.
E então o sol se põe, e todos se lembram de ligar o despertador.
Mas não conseguem despertar do verdadeiro sono, e os sonhos desaparecem.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Chuva

O barulho da chuva batendo contra a janela ecoava pelo corredor.
Naquele dia, ele se perguntou:
"O que será que acontece depois da morte? Irá tudo simplesmente desaparecer, ou será que eu terei uma outra chance? Consertar os erros, viver a vida sem se preocupar com o amanhã, amar as pessoas intensamente..."
A chuva começava a diminuir.

"Tomara que eu tenha uma segunda chance...", pensou.


O barulho dos seus pensamentos ecoava pela sua mente.
Naquela noite, ele se perguntou:
E se essa for a segunda chance?


quinta-feira, 7 de abril de 2011

"Agarre-se à vida", lhe disseram. Mas ele vinha fazendo isso a tanto tempo que seus braços estavam cansados demais para continuar.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Vazio

Estivera doente há anos, mas nenhum médico conseguira descobrir sua doença.
"Mostre-me aonde dói", perguntou o doutor.
"Eu não tenho idéia...", respondia.


O rapaz não conseguia localizar a dor, pois o que doía era o espaço vazio.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Liberdade

Não conseguia mais beber água, nem comer, nem cantar. O pássaro morreu poucos dias depois. Cavaram um buraco na terra e o enterraram no quintal.


Finalmente estava livre.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

4/4

Arrancou todas as folhas do calendário e jogou fora a pilha do despertador.
O tempo do lado de fora não importa.

domingo, 3 de abril de 2011

A fênix continuou se transformando em cinzas e renascendo ao amanhecer, dia após dia, durante muitos anos. Até que um dia outra fênix surgiu, e vendo as cinzas sob os escombros, bateu as asas em sua direção para libertar a ave aprisionada.


Mas o vento foi muito forte. As cinzas voaram em direção ao céu e se dissiparam em meio às nuvens. A fênix se foi para sempre.

A fênix renasceu das cinzas, e suas asas não estavam mais quebradas.
Mas permaneceu sob os escombros, sem ter para onde voar.

A fênix suspirou pela última vez. Suas cinzas espalharam-se pelos escombros.
E lá ela iria permanecer, até que o sopro de outra fênix pudesse libertá-la.

A fênix não podia mais voar. Suas asas quebradas continuavam embaixo dos escombros. A única solução era queimar e virar cinzas novamente, para que fosse carregada pelo vento.


Mas não havia mais vento.

Cinzas

A bola azul parou de girar. As borboletas se foram, o horizonte se apagou, o ar se dissolveu, a chama se extinguiu. Não se ouvia mais o barulho, nem o silêncio. O chão desmoronou, as palavras se quebraram. O vazio se partiu.


As lembranças não eram mais reais. Todos os caminhos haviam se perdido.
As feridas foram mutiladas, os espelhos foram quebrados, a luz foi apagada.
As asas da fênix jaziam sob os escombros do muro que desabara.
Mas as cinzas permaneceram.

3/4

Era terceiro de abril, e ele percebeu que não fazia diferença.

sábado, 2 de abril de 2011

Estrelas

As estrelas brilhavam em meio ao espaço, contempladas pelo pequeno planeta. "Jamais brilharei como elas", pensou.


As estrelas brilhavam na noite sem nuvens, contempladas pelo pequeno garoto.
Mas uma delas chamou sua atenção. Era muito mais brilhante do que as outras.
Era o pequeno planeta opaco, que ao contrário das distantes estrelas, estava bem mais próximo do garoto.


Quanto menor a distância, maior é o brilho.

2/4

Era segundo de abril, e ele não sabia mais a diferença entre verdade e mentira.

sexta-feira, 1 de abril de 2011