quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Luz

As pessoas buscam um pólo.
Mas dois pólos opostos são sempre partes de um mesmo objeto.


As pessoas buscam a perfeição.
Mas não a encontram, pois o sentido está em não a encontrar.


As pessoas buscam estradas que se cruzem.
Mas as estradas que se cruzam seguem por caminhos completamente diferentes.
As estradas que devemos buscar são as que seguem o mesmo rumo.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A lua nova se pôs no horizonte.
Mas ninguém repara mais na lua. Nem nas estrelas, nem nas pessoas.
E por isso, não nos lembramos mais da morte.
Mas no fundo todos nós sabemos, apenas continuamos esperando que tudo dê certo no final, em meio às árvores de plástico.


Não podemos mais apenas esperar.

sábado, 27 de agosto de 2011

Era uma vez um patinho que nasceu lindo. Mas todos diziam que ele era feio.
Passou a vida inteira achando que era feio, por ser diferente dos demais.

Ele fazia de tudo para tentar mudar e ficar bonito. Mas como ele já era, nunca dava certo.
Até que um dia lhe disseram que ele era lindo, e ele não conseguiu acreditar.
Do que adiantava, se todos os outros o achavam feio?
Então resolveu ir embora para uma lagoa isolada do resto do mundo, aonde iria passar o resto da vida.
E o pato nadou para longe.


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Era uma vez um gato que estava sempre sozinho.
Passava a maior parte do tempo andando, procurando algum lugar para ficar.
Um dia encontrou um pássaro e se apaixonou pelo seu canto.
Passaram a se encontrar todos os dias para conversar.
Um dia o pássaro pediu: "Me prenda para que eu possa ficar sempre com você."
O gato respondeu: "Não posso fazer isso. Quero que você seja livre..."
E o pássaro voou para longe.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

E no fim das contas, a vida não é sobre ter controle do próprio destino.
É impossível.
A única coisa que podemos fazer é aceitar, e aproveitar tudo que pudermos.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Morte

O caminho escureceu logo após o primeiro passo.
Completamente perdido, o rapaz fechou os olhos, pronto para aceitar o seu destino final.


Alguns rostos conhecidos compareceram ao seu funeral.
Ele ouvia suas vozes, mas não tinha forças para falar.
Foi enterrado e esquecido.

Talvez realmente estivesse morto, afinal.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Vida

O vazio doía de novo.
Mas agora ele sabia que deveria aproveitar sua segunda chance.
Já sabia o que fazer, agora só precisava agir.


O caminho estava claro, e não importava mais a distância até o final.
Sabia aonde iria terminar e estava decidido a segui-lo.
Não havia mais muito tempo, mas iria encontrar ao menos o espaço certo.


Os únicos a terem medo da morte são aqueles que já a conhecem.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vidro

I. Oceano

Crepúsculo. Caminhavam os dois pela praia, conversando e dando risada.

Como o vento estava ficando mais forte, resolveram descansar um pouco.
Sentaram-se na areia. Ela admirava o sol poente enquanto ele a admirava.
"Obrigado por me trazer aqui", disse enquanto se curvava para abraçá-la.
"Por favor, não me solte...", pediu.
Mas o vento agora estava forte demais, e ele foi levado através do oceano.


II. Sonho

Madrugada. Acordou o rapaz em sua cama, sem conseguir conter as lágrimas.

Silêncio.
Sentou-se no chão, ao lado de seu sonho despedaçado.
"Por favor, não me deixe dormir...", sussurrou. Mas ninguém ouviu.


III. Areia

Manhã. Recolheu os pedaços de seu sonho para enterrá-los na praia.

Caminhou o dia todo, sem saber qual direção seguir.
O vento começava a ficar mais forte.
Sentou-se na areia, e logo percebeu que havia chegado ao deserto.
Jogou os pedaços no chão e seguiu em silêncio.
"Por favor..." foram suas últimas palavras, uma semana depois.
Seu epitáfio incompleto foi carregado pelo vento através da areia.

domingo, 14 de agosto de 2011

O rapaz acordou atrasado e não conseguiu ver o pôr do sol.
Observou o crepúsculo vazio, dizendo a si mesmo que muitas vezes o céu fica mais bonito quando o sol já se foi. Mas não sabia se era verdade ou se estava apenas procurando algo em que acreditar.

domingo, 7 de agosto de 2011

Sombras

O tempo é relativo. Mas ele passa.
O espaço é relativo. Mas ele sempre existe.
O destino é uma ilusão. Mas ele nunca deixa de iludir.
A esperança é a última que morre. Mas ela não é imortal.
...e na escuridão nada disso importa, pois só existem as sombras.

Espaço

Fazia tempo que o sol não brilhava tanto.
O rapaz contemplava o horizonte pela sua janela, admirado com a mudança repentina do clima, quando uma nuvem começou a se formar acima dele.
O sol continuou a brilhar, mas isso não impediu que a chuva caísse.



A nuvem se desfez pouco antes do crepúsculo.
A noite caíra, e não havia nada que ele pudesse fazer para mudar isso.
O sol seguira seu caminho; e o rapaz sabia que devia segui-lo também.

Mas não conseguia distinguir as sombras em meio à escuridão.